Forte, surpreendente e necessário são algumas palavras que podem definir o livro “Eu, Sarah? O amor não machuca!”. Com uma narrativa leve e envolvente, conhecemos a história de Sarah, uma jovem modelo com o futuro promissor que viaja para fora do país com as amigas para estudar. É lá que ela acaba se envolvendo com a pessoa errada e se torna mais uma vítima de relacionamentos abusivos.
Com uma narrativa muito bem construída, esse livro conquistou a nós do Casquinha. A autora conseguiu retratar aqui a realidade de diversas mulheres de forma bastante real, expondo detalhes que muitas de nós, que não sofremos violência dos companheiros, não entendíamos a gravidade.
Na história de Sarah, vemos como tudo acontece desde o começo, quando ela conhece seu futuro abusador, que no começo parece um príncipe. Mostra como ela ignorou os primeiros sinais da possessividade dele. Mostra como os primeiros meses ele a tratou muito bem e mostra também esse comportamento mudar da água para o vinho. Resumindo, mostra a verdade nua e crua de uma das muitas facetas da violência contra a mulher.
Mas isso não é tudo. Muitos outros detalhes são retratados, assim como o processo de superação da vítima. O que Luana fez aqui foi uma coisa quase que improvável, pois embora existam momentos pesados no livro, principalmente se você for mulher, em momento algum ele se tornou pesado ou denso demais para uma leitura rápida. Pelo contrário, quando mais você ler, mas você vai querer continuar, mesmo passando raiva em vários momentos.
E por falar em raiva, precisamos falar sobre o vilão dessa história. Um personagem sem dúvidas muito bem elaborado, por que é praticamente impossível não odiar ele de cara. É como se a autora tivesse juntado todas as características ruins que um homem pode ter numa pessoa só. Te garanto vários surtos praticamente todas as vezes que ele aparece!
Outra coisa interessante que vemos aqui é o papel de nossos amigos e familiares quando se trata de “meter a colher” no relacionamento alheio. Vivemos em uma sociedade extremamente machista, e por isso somos constantemente aconselhadas a ceder, a se submeter um pouco mais, a entender que homem é assim ou assado, e tudo isso leva a mulher a tolerar muitas situações inaceitáveis. Isso é extremamente perigoso, pois esses “conselhos” podem vir de qualquer lugar, inclusive de pessoas que amamos e confiamos.
Mas, apesar de passar por muita coisa, nossa querida Sarah encontra sim um homem decente. E que homem minha gente! Dá vontade de soltar fogos de artifício para comemorar o momento em que nosso novo crush aparece! Restaurando nossa fé nos homens, Luca é um perfeito Cavalheiro que vai fazer você elevar seus padrões para futuros pretendentes!
Algo bastante positivo na escrita da autora foi a narração em terceira pessoa. Dessa forma, embora a narrativa esteja concentrada na Sarah, conseguimos ter pequenos vislumbres das perspectivas dos outros personagem, e isso nos ajuda a entendê-los melhor. O fato de ter capítulos curtos também foi ótimo para deixar a leitura mais fluida.
O final da história ao mesmo tempo que foi digno da personagem, foi também um pouco frustrante para o leitor, todo por causa de lá certa notícia que a mocinha recebe e pelo fato da autora ter deixado em aberto com quem ela terminou no fim. Embora isso seja um tanto frustrante, precisamos admitir que é uma ótima deixa para um livro sequência.
Eu, Sarah? é livro digno de parabéns. O tema abordado aqui não é fácil, e muitas vezes é retrato de forma negligente na literatura, mas nesse livro acontece o oposto. Uma realidade que precisa ser mudada é mostrada de forma eficiente e o livro ainda pro cima nos entrega momentos emocionantes, vários surtos de raiva com os personagens e cenas fofas de para aquecer nossos coraçõezinhos. Sem dúvidas uma das nossas melhores leituras do ano até agora!
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